Psicomotricidade Inclusiva: projeto transformador une graduações visando ao desenvolvimento social e afetivo de assistidos pela APAE
Publicado em: 10/07/2025
“Foi muito bom ver a natureza. Eu dei ‘mamá’ para o bezerrinho e senti muito carinho por ele. Na hora que eu vi o búfalo, eu amei e passei a mão na barriga e na cabeça dele”, conta Ana Clara. “Quando eu vi o cavalo, eu fiquei apaixonada e fiz muito carinho. E aí fui lanchar, e o lanche estava muito gostoso. Eu também pulei corda e caí na grama”, relata Isadora. “As pessoas conversaram sobre as doenças dos animais. Que bom que eles estão fazendo uma coisa que os outros não fazem: cuidar dos animais”, avalia Echile. “Boi e cavalo são a minha paixão. Na hora do ‘rango’, eu comi muito. Quero voltar lá, mas quero andar no cavalo e no búfalo. Eu tenho um monte de amigos lá. Eles me conhecem”, afirma Guilherme. “Eles trataram a gente como família, explicando tudo direitinho”, revela Fernando.
Os depoimentos são de crianças e adolescentes da Escola Girassol, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Valença. Recentemente, eles tiveram a oportunidade de visitar, pelo segundo ano consecutivo, o Hospital Escola Veterinário do Centro Universitário UNIFAA. Ao todo, 92 pessoas participaram, 50 pela manhã e 42 à tarde. A iniciativa é do projeto Psicomotricidade Inclusiva, liderado pelo curso de Educação Física do UNIFAA, mas que acabou se tornando institucional ao envolver outras graduações a partir do segundo semestre de 2024, movimento que foi fortalecido em 2025. “O objetivo é levar atividades que desenvolvam as partes motora, social e afetiva das crianças que são atendidas pela APAE. É um projeto superlegal que dá uma vivência muito grande na parte profissional e humana para o nosso acadêmico. É um projeto transformador: transforma a vida dos acadêmicos e a vida dos assistidos pela APAE”, explica o Coordenador do curso de Educação Física, Marcelo Santos.
Esse também é o pensamento da Pró-Reitora de Graduação Presencial do UNIFAA, Romy Tutia, ao avaliar o projeto. “Ver as crianças da APAE se conectando com os nossos estudantes me fez acreditar, ainda mais, na força do cuidado integral e da educação como ferramenta de inclusão. A psicomotricidade, nesse contexto, foi muito além do movimento físico. Ela se tornou ponte: entre olhares, gestos, aprendizados e afetos. Cada estudante, com suas habilidades específicas, contribuiu para um cuidado completo e respeitoso com as crianças, que, por sua vez, nos ensinaram sobre sensibilidade, paciência e superação. Foram momentos em que os saberes acadêmicos se alinharam à prática humanizada. Os futuros profissionais não apenas aplicaram seus conhecimentos, mas também se descobriram mais empáticos, atentos e comprometidos com a diversidade”, avaliou Romy.
Ainda segundo a Pró-Reitora, o cerne do Psicomotricidade Inclusiva é acreditar que a inclusão é possível. “Vivenciá-la, no entanto, é o que transforma. E esse projeto é exatamente isso: uma chance real de aprender fazendo o bem e, sobretudo, aprendendo com quem ensina com o coração.” Neste sentido, e dentro da perspectiva de integração com outras graduações do UNIFAA que surgiu a possibilidade de visitar o Hospital Escola Veterinário, equipamento ligado ao curso de Medicina Veterinária. E o resultado foi muito positivo. “As crianças lancharam, brincaram ao ar livre e visitaram os animais. Elas adoraram porque o contato com os animais foi muito legal, e a reciprocidade também: o carinho que elas têm com os animais, os animais têm com elas. É de emocionar mesmo”, conta Marcelo.
De acordo com a coordenação do curso de Medicina Veterinária, ao preparar a estrutura para receber as crianças e os adolescentes assistidos pela APAE, a ideia foi proporcionar uma experiência enriquecedora e interativa com os animais da fazenda de forma a privilegiar o impacto positivo no desenvolvimento emocional e cognitivo dos participantes. Também foram realizadas atividades lúdicas, como brincar de bola e pular corda.
Os funcionários da APAE avaliaram que a visita “representa oportunidade ímpar para os nossos alunos, pois através dessa interação podemos alcançar benefícios significativos tanto para o desenvolvimento global desse aluno quanto para a promoção da inclusão social, estimular habilidades afetivas, autonomia, alívio do estresse e da ansiedade, noções de responsabilidades, dentre tantos outros benefícios.” Destacou também a importância de poder contar com um local externo onde é “permitido vivenciar momentos de pura inclusão social e aquisição de conhecimentos em diversas áreas”. E que “gestos pequenos de carinho e atenção dos profissionais já garantem o dia dos nossos alunos, que não enfrentam apenas dificuldades físicas ou intelectuais. Muitas vezes são crianças, adolescentes e adultos que têm carência muito grande por atenção e amor genuínos”.
O Projeto Psicomotricidade Inclusiva ocorre uma vez por mês. Normalmente, as pessoas assistidas são recebidas no campus-sede do centro universitário, onde têm atividades psicomotoras na Arena UNIFAA com acadêmicos de Educação Física e de Enfermagem. Estudantes de Odontologia também realizam ações, como teatro de fantoches explicando como deve ser feita a escovação, que também é evidenciada no escovódromo. Já os professores da APAE fazem acompanhamento com o curso de Psicologia. O projeto acontece sempre em uma quarta-feira, das 10 às 11h e das 14h às 15h, uma vez por mês.
